domingo, 2 de setembro de 2012

Eleições 2012, Liberdade de Expressão e Babacas

Se expresso alguma opinião, somente posso fazê-lo pautada em algum autor consagrado. Caso contrário, aparecerá algum babaca me acusando de radical, neoliberal, "de direita" e coisas do gênero.

Já fui da academia. Achei que apenas lá eu deveria ter de citar o autor para que meu pensamento tivesse valor. Para quem não sabe como funciona a academia, a coisa é mais ou menos assim: não pense muito por conta própria, tente achar alguma fonte que se pareça com o seu pensamento.

O fato de eu não apoiar determinado modo de viver e pensar dos outros não significa que concordo com o pensamento oposto àquele. Eu explico.

Se não concordo cegamente com as convicções da dita esquerda ou da dita direita (aqui apenas tratarei como "canhotos" e "destros", pois, a meu ver, são farinha do mesmo saco, vinho da mesma pipa), vai ter sempre algum babaca dizendo que sou neoliberal ou "de direita" seja lá o que isso signifique.

Para alguns babacas canhotos, admiradores de Fidel, Chávez, Lula, Dilma e todo tipo de populista supostamente revolucionário, o fato de eu criticar as atrocidades cometidas por eles me faz uma neoliberal.

Por que devo bater palmas para o Fidel quando ele não passa de um ditador decadente? Um babaca me disse que houve avanços em Cuba e que antes da Revolução as coisas eram piores. Putz, entendi!

Então, por que antes era pior, devo entender que, pelo fato de Cuba ter avançado em alguns aspectos sociais e apesar de Fidel ter se tornado um ditador, ter feito do governo um cabide empregos para familiares e partidários e se aproveitar do poder para impedir a livre expressão da população, bem como perseguir os opositores, Cuba é um paraíso e Fidel é um santo. Ah, entendi!

Porque discordo dessa lógica, o mesmo babaca disse que eu era neoliberal, que usava o discurso da direita, o discurso do Estado mínimo. O pior é que o babaca nem me deu a oportunidade de debate, ele me deletou dos seus contatos do Facebook (diga-se de passagem, eu gostei muito de não mais fazer parte dos contatos de um boçal como ele). Babaca e covarde. O babaca falou que o post era dele e que, se eu quisesse, eu abrisse um post meu. Há coisa mais babaca que publicar uma coisa e só querer que escrevam comentários concordando?

Não questiono os avanços sociais em Cuba. Mas isso não era o objetivo da Revolución? Ou o objetivo era trocar o ditador? “Melhor mesmo é ser ferrado por um ditador da nossa classe, do povo.” É a mesma história do “rouba, mas faz”, “Ele é ladrão, mas é meu amigo”.

Esclareço que o fato de não em considerar "destra" ou "canhota" não me faz uma "ambidestra" (centrista). Apenas entendo que há lutas legítimas e acima de tudo JUSTAS, que merecem investimento. Política e eleição não são jogos onde uns ganham e outros perdem. Na política e nas eleições, o eleitor deveria ter mais consciência de seu voto, pois não é só a sua vida que está em jogo, é a vida de toda a sociedade. Quando a JUSTIÇA SOCIAL perde, TODOS perdem.

Promessas esfarrapadas de políticos que estão aí há séculos deveriam ser consideradas com muita cautela pelo eleitor.

Por que há figuras que se perpetuam no cenário político brasileiro? Porque a população, em certa medida, se acostumou com isso. Tem sempre um infeliz que vai dizer: "Ele rouba, mas faz". Faz o quê, infeliz? Rouba, te ferra e me ferra junto!

Dirão os intelectuais: "falta educação à população que é carente". Carente é o cacete! O termo mais adequado é "população desassistida pelo poder público". O termo é longo, mas é o mais adequado para definir uma população paga altíssimos impostos, mas não recebe nenhum investimento do poder público como retorno e continua votando nos mesmos bandidos de sempre. Pior, acha que é favor quando algum safado joga um "pó-de-pedra" por cima da lama e do esgoto que correm a céu aberto pela rua onde moram ou dão o “Bolsa-Família” (eu chamo de esmola estatal ou oficial).

Será que é somente a escola, a educação formal (precarizada por todos os governos destros e canhotos) que forma uma população mais politizada? Entendo que é apenas um dos espaços de politização.

Faz tempo que a Medicina e o Estado tiraram das famílias esse aspecto formador, promotor de valores e princípios. Se a família não dá conta, manda para o médico ou para a escola; não podemos nos esquecer dos psicólogos também.

Por que as famílias não conversam mais? Por que a vizinhança se tornou a ameaça em potencial? Há uma série de teorias que explicam isso. A mudança dos papéis sociais dos gêneros, as novas tecnologias, a globalização e tantos outros problemas de pesquisas. É inegável que, para analisar essas transformações, é preciso considerar o contexto socio-histórico. Mais que disso, é necessário fazer algo com os resultados das análises. Sair do discurso e implementar práticas transformadoras de fato. Do adianta identificar o problema, mas não propor soluções práticas? A academia, a Universidade, tem papel primordial nisso, pois lá se produz conhecimento (ou deveria produzir).

A Universidade deve ser o espaço da excelência, do mérito, da produção de conhecimento com vistas à melhoria das condições de vida da população. Infelizmente, não é isso que temos visto. A Universidade brasileira tem sido entendida pelos governos destros e canhotos, como espaço que deve atender ao mercado e/ou como moeda de troca política (caso das cotas raciais ou da vergonha). Falar em raça em pleno século XXI, só no Brasil, a vanguarda do atraso. Ainda bem que eu passei no vestibular e concluí o curso superior sem ter de passar por essa vergonha.

Sobre as cotas, ficam algumas perguntas: Os que se consideram negros são pobres? A categoria dos pobres engloba os que se consideram negros? A categoria dos pobres engloba os que se consideram brancos? A categoria dos pobres engloba os indígenas? No Brasil, é possível afirmar que há brancos e negros? Como é feita essa classificação?

No frigir dos ovos, acabamos voltando para o ponto de partida. Será que posso expressar minhas ideias e opiniões sem ter que ancorá-los em autores consagrados?

Entendo que o pensamento deve ser livre, bem como sua expressão. A sua construção se dá no cotidiano, na escola, no trabalho, em toda parte. É no convívio, no embate das ideias.

Democracia é mais que “ter o direito de votar”, conforme propaganda falaciosa do TSE. Democracia é igualdade de direitos, é a expressão máxima da justiça social. Se o Brasil fosse uma democracia de fato, o voto não seria obrigatório, pois, se fosse apenas um direito não poderia ser imposto a quem quer que seja.

PENSEM BEM ANTES VOTAR!

Seu ato trará consequências para sua vida, da sua família e da sociedade como um todo.

Converse com sua família, com seus amigos e vizinhos. Pensem sobre a sua realidade local, o que gostaria de ver melhorar na vida do bairro, da cidade em que moram.

Vote com o propósito de fazer aquilo que você gostaria que fosse feito por você.