sábado, 22 de junho de 2013

Minhas Considerações: Divergências Político-Ideológicas

SERÁ QUE DIVERGIR AGORA É CRIME?

No Brasil, parece que divergir de qualquer coisa é praticamente um crime. Um exemplo é quando se trata de Política.

Em primeiro lugar, há uma confusão entre Política e Partido. A Política é inerente à condição humana, faz parte de todas as relações que se estabelecem entre as pessoas. Não é um privilégio dos "políticos profissionais", dentro de um partido formal e eleitos por voto. Quando cumprimentamos (ou não) um vizinho, um funcionário do local em que moramos ou trabalhamos, estamos fazendo política.

O Partido é uma das formas organizadas de se exercer Política. Um grêmio estudantil não é um partido. Um condomínio não é um partido. Uma passeata não é um partido. Mas todos são exemplos de organizações, onde políticas são debatidas e estabelecidas com objetivos, em certa medida, comuns. Então, ser "apartidário" não é ser apolítico. Importante ressaltar que a diversidade de pensamentos, representada por organizações sociais denominadas partidos, são fundamentais para a manutenção e o desenvolvimento dos valores democráticos em um país.
 
Outro grande equívoco é a divisão moral da política em "direita" e "esquerda". É como se fosse o "bem" contra "mal" não necessariamente nessa ordem.  Cada um se posiciona no lado que lhe convém considerar ser o do "bem" e detona o outro que passa a ser considerado do "mal". Será que precisa ser assim?

A coisa chegou a tal ponto que, se você não se posicionar nesses extremos, é capaz de ser execrado em praça pública e assado na fogueira "adversária". Digo "adversária" porque a situação é de quem é o melhor na disputa, vira uma questão passional mesmo.  É a política vista como torcida de futebol: "o meu é melhor que o seu", "aqui tem corrupto, mas no seu também tem", "O meu rouba, mas faz". Não importa mais se há ou não coerência entre discurso e prática. A meu ver, a paixão não é uma boa medida quando se trata de se fazer política. A ponderação e coerência sim são boas medidas.

Quando o seu time preferido perde um jogo, perdem apenas o seu time, você e os demais torcedores. Quando uma política de Estado falha, quando um partido que assume cargos no poder público e trai os seus compromissos com seus partidários, todos perdem, independente de serem partidários ou não daquela organização política.

Eu assisti um vídeo do PC Siqueira que tratava das manifestações populares das últimas semanas de junho/2013. Numa parte do vídeo, os narradores traçam o perfil da "Direita" e da "Esquerda" nos moldes das enquetes sobre "as possibilidades daquele gatinho estar a fim de você". Apresentam uma ideia e afirmam: "Eu sou de direita" ou "Eu sou de esquerda". E acrescentam que as suas ideias e crenças é que determinam se você é de direita ou de esquerda, independente da sua vontade. Pergunto: onde ficam as minhas práticas nisso tudo? Então, basta se dizer de "direita" ou de "esquerda" que se define uma posição política? Discurso sem prática, ou melhor, descolado da prática, é uma grande falácia, um embuste.

Devo dizer que, apesar de concordar com o ideário, classificado pelos narradores como sendo de "esquerda", não me considero de "esquerda". Até porque há pontos defendidos (mas não apresentados no vídeo) pelos de "esquerda" com os quais não encontro afinidade alguma. No entanto, cabe-me apenas respeitar, mas sem perder as minhas convicções de vista. Acredito no debate das ideias. Também não tenho pudor algum em mudar de ideia, pois, se eu não tiver a humildade de refletir sobre os efeitos do meu discurso nas minhas práticas, eu estarei traindo a mim mesma, o meu ideário. É no confronto das ideias que o conhecimento se constrói e se transforma. Se os seus argumentos são mais coerentes que os meus, não temerei a reflexão e posso mesmo mudar as minhas convicções. Por isso, não entendo essa necessidade de enquadrar pessoas nas categorias "esquerda" e "direita".

É sua forma de fazer política que te conduz, são as suas práticas que falam por você, e não o seu enquadramento ideológico.

Voltando à questão dos partidos, quantos partidos políticos se dizem de "esquerda", mas se comportam como se de "direita" fossem? O nosso exemplo mais atual é o PT. Já discuti muito com partidários petistas que mostram toda a sua cega paixão pelo PT, Lula e a agora pela dona Dilma. "Cegos de paixão" é a melhor definição, pois não conseguem ver que o sonho virou pesadelo. Quando os argumentos se esvaem começam a atacar os partidos que antecederam a dinastia petista como se fosse um alento para a traição que sofreram (ou não).

Afirmo, uma vez mais, que não me enquadro na "direita" nem na "esquerda", admiro algumas pessoas que se elegeram para cargos políticos por serem coerentes e defenderem agendas coletivas para redução das desigualdades sociais, mas não estou cega para o que elas fazem no exercício dos mandatos. Entendo que corrupto não tem partido, mas tem ideologia: "Farinha pouca, meu pirão primeiro". Todos os que roubam o dinheiro público independente de partido ou denominação ideológica devem ter os bens confiscados e devolvidos aos cofres públicos, enjaulados e obrigados a trabalhar para seu próprio sustento.

Ano que vem tem eleição de novo. Pensem muito antes de votar. Não pense somente nos aspectos que beneficiem você e a sua família, mas pense na melhoria de todo o país. Apesar do que dizem sobre a redução das desigualdades, ainda existe muita gente sem acesso aos direitos básicos constitucionais.