Esse artigo é um alerta para aqueles que ainda não entenderam que a contaminação pelo HIV é algo muito grave e danoso. Muitos acreditam que, com o advento dos "coquetéis de drogas" para tratamento das manifestações clínicas da AIDS, as coisas estavam resolvidas, não sendo mais necessário adotar os cuidados essenciais para evitar a contaminação. Fora o fato de o "coquetel de medicamentos" causar muitos efeitos colaterais, há todo o desgaste do organismo em tentar se manter em equilíbrio mesmo sob ataque do vírus. Use camisinha sempre e boa leitura.
Médicos alertam que efeitos ortopédicos da AIDS estão de
multiplicando
23/8/2011 10:06:00
O aumento da expectativa da vida dos pacientes que convivem
com HIV e mesmo dos pacientes que já registram manifestações clínicas da AIDS
levou ao aparecimento de problemas ortopédicos decorrentes tanto da doença,
como de efeitos colaterais do chamado "coquetel de drogas". Entre os
efeitos mais comuns estão a osteoporose, até mesmo num nível em que ocorrem
fraturas espontâneas, sem que tenha havido queda e também necrose dos ossos, a
osteonecrose dos joelhos e do fêmur, que exigem a colocação de próteses.
O alerta para que os médicos que atendem esse grupo de
pacientes se preocupem com as alterações osteoarticulares relacionadas ao HIV
foi publicado na Revista Brasileira de Ortopedia – RBO da Sociedade Brasileira
de Ortopedia e Traumatologia – SBOT e está inserido numa pesquisa da equipe da
infectologista Ana Lúcia Munhoz Lima, que chefia o Serviço de Infecção da
Ortopedia do Hospital das Clínicas, da USP.
Ana Lúcia explica que, quando a epidemia surgiu, a sobrevida
dos contaminados era relativamente curta, dificilmente chegando há dois anos.
Depois de 1996, entretanto, com o surgimento de novas drogas antirretrovirais,
"a sobrevida de um paciente que convive com HIV fica em aberto, desde que
haja acompanhamento periódico e uso regular da medicação". A própria Ana
Lúcia tem pacientes contaminados há mais de 20 anos e que continuam com boa
qualidade de vida, graças ao tratamento que mantém reduzida a quantidade de
vírus no organismo, impedindo que o paciente perca sua imunidade.
O que tem ocorrido, explica a médica, é que com o vírus há
muitos anos no organismo e o consumo também prolongado dos medicamentos
provoca, com o tempo, efeitos colaterais que variam de paciente para paciente.
Associado a alterações metabólicas, podem ocorrer alterações osteoarticulares,
osteopenia e eventualmente osteoporose, o que significa que os ossos ficam mais
porosos, a massa óssea se reduz e podem ocorrer fraturas. Também é frequente a
necrose, isto é, a morte do tecido ósseo do joelho e do fêmur. Foi registrada
também a síndrome do túnel do carpo e a capsulite adesiva glenoumeral.
O alerta da médica é que, como esses efeitos começaram a ser
estudados mais recentemente, muitos médicos ainda não valorizam as queixas
osteoarticulares dos pacientes, retardando a investigação do quadro ortopédico
e é importante que o façam, insiste. "A Medicina tem várias armas para
impedir ou retardar o agravamento de tais alterações, mas, para tal, precisam ser
diagnosticadas precocemente". No caso da osteopenia e osteoporose, o
aumento da ingestão de cálcio, de vitamina D, o uso de medicamentos já
utilizados nas mulheres menopausadas e o exercício físico são a recomendação e,
quando ocorre a osteonecrose, presente em 12% dos casos estudados pela equipe
médica, a solução em graus avançados pode ser a colocação de uma prótese.
Os problemas têm solução, se diagnosticados no início,
insiste Ana Lúcia, mas no Brasil, em áreas mais distantes dos grandes centros,
ainda ocorrem casos de AIDS que demoram a ser diagnosticados e os pacientes só
chegam aos centros que podem tratá-los quando já imunodeprimidos e com
problemas que com o tempo se agravaram. A recomendação é que nesses casos,
principalmente, não se deixe de pesquisar efeitos ortopédicos e, se necessário,
que o paciente seja encaminhado a um ortopedista ou a um reumatologista.
Fonte: SOB / Prontuário de Notícias
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